sábado, 27 de agosto de 2011

Proibido


Eu corria sem aguentar mais. Meus pés não suportavam mais aquela bota, minha saia meio longa chicoteava meus joelhos ensanguentados.
As escadas em que corria sujaram-se também como rastros do inferno. Já não enxergava mais com meus cabelos molhados de suor e lágrima sobre meus olhos.
Minha blusa branca já não era mais tão branca agora com manchas vermelhas colocadas. Eu corri subindo essas escadas por 16 andares, agora que só faltam três a vontade é de me soltar e deixar rolar, literalmente.
Cheguei me arrastando ao terraço e lá estava a vadia. Parecia até mais um filme das panteras. Eu a coitadinha contra a vadia loira. Como ela tinha pose.
Vestido de gala branco, sapatos que pagariam uma semana de refeições a mais de mil crianças famintas.
Sinicamente se aproximava de mim que acabar de sair da porta que dava aquelas escadas.
Aqueles olhos verdes que eu sempre admirei os mistérios da profundidade fatal. Antes que ela se aproximasse demais eu corri para orla do local e admirei a cidade.
Como eu amo São Paulo, olhar ao estádio do Morumbi onde nós demos nosso primeiro beijo no show da Rihanna, cantora que ela adora. Sinceramente eu nunca vi muita graça nas músicas dela antes.
Eu não entendia por que ela não quer continuar comigo. Nós duas somos adultas. Claro que um romance lésbico não seria muito bom pra carreira dela. Jornalista de televisão acaba se tornando celebridade contra vontade. Não era o caso pois ela adora a fama.
Confesso que achei que o momento mais difícil da minha vida foi contar pra minha mãe que eu era lésbica, mas esse amor negado esta sendo o pior pra mim.
Ela apareceu ao meu lado, nos abraçamos e me deu uma vontade louca de me jogar com ela. Eu pareço louca mais foi uma vontade comum, como se estivesse passando em frente a uma loja e desse vontade de entrar.
Eu não hesitei e me joguei abraçada a ela. Ela tentou se livrar mas já era tarde. Ela morreu antes de chegar ao chão. Foi a pior cena que eu vi. O penteado se desfez, ela deu um grito alto que foi cortado após ela bater a cabeça em uma parte da parede do edifício e perder a consiência.
Eu chorei, mas é melhor isso que ver ela se casando pela imagem dela.

ANALY


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Mente Limpa


A sombra da árvore me isola do universo
O pé descalço na areia da praia remete ao recomeço
A água salgada sob o sol das 9 encosta na cintura
E faz sentir, como eu quero estar aí
Ser o mar, ser o ar
Encontrar o remédio antes de me cansar
Energético faz-me querer flutuar
Preso a Terra estou e pretendo ficar
Mas voar, voar, voar, voar

Talvez eu realmente possa dominar
O paradoxo de andar e flutuar
Perfeito eu quero estar
ao dominar o que é preciso
Em par, eu só quero dar prazer

O som do rio abaixo me faz pensar
O que mais quero é ir buscar
O simples som do bater do mar
Na areia que induz a paz
Torta pela existência suja

sábado, 6 de agosto de 2011

Monstro

Ouço uma voz chamar meu nome
Ouço gritos ao redor do círculo
Preso numa força de opiniões dissimuladas
Vejo como vou fazer pra fugir daqui, fugir de ti
Fugir de mim não faz sentido

E se eu quisesse meu sentido
Talvez corresse atrás do meu reflexo de paz
Eu não pedi tortura, mas eu pedi liberdade
E eu não vou chorar mesmo que doa de verdade

Esse é o meu destino, meu mostro é amigo íntimo
Ele sou eu, minha consciência
Não tenho mais medo de brigar com as consequências
Isso sou eu, minha aparência
Fragilidade, não se engane ou pode ser tarde