terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sempre e Sempre

Eu sabia que só tinha 15 anos, mas também sabia que era mais esperto que qualquer garoto da minha idade. Meu pai confiava em mim. Foi no final do verão, a vida das pessoas já estavam na rotina pesada novamente. Eu cheguei da escola na nossa casa nova e não intendi aquele caminhão novo em frente minha casa. Eu sempre fui suspeito pra falar de veículos, principalmente caminhões pois era minha paixão. Aquela belíssima frente amarela me possibilitava ver meu reflexo nela de tão lustrosa que era. Meu pai saiu de casa e com uma pergunta irônica me disse que o caminão era meu. Nunca usei drogas mas a sensação que as pessoas dizem que ela propcia era exatamente o que eu estava sentindo. Podia arriscar até mais. Achava um exagero aqueles vencedores de quiz show ficar pulando de alegria por acertar perguntas inúteis e ganhar dinheiro, mas acabava de midar minha opinião sobre a reação .Eu parecia uma criança abrindo seus presentes embaixo da árvore na sala na manhã de natal. Me lembrava o último natal com minha mãe e eu ganhando um boneco de plástico que era a sensação daquele ano. Como o ser humano só consegue dar valor pras coisas que ele perde? Me sinto privilegiado em dar valor ao sonho em lata que representava aquele caminhão pra mim.

Muitas voltas nos bairros da cidade já não tinha mais graça pra mim, que queria me aventurar. Como sou louco! Me deu na cabeça, peguei a rodovia e parti pra São Paulo. Em meia hora já estava na avenida paulista, em velocidade normal. Meu celular vibrou, um descuido pra ver quem me ligava quase atropelei um maluco que atravessou a avenida correndo, se eu não desvio, ele morre. Mas ao fazer essa manobra pra salvar esse idiota, perdi o controle da carreta e entrei de uma vez na calçada. Fiz um boliche humano e destrui a fachada de um teatro. Eu matei pelo menos três pessoas nessa brincadeira e machuquei algumas outras. Tirei o sonho de três almas. É por isso que luto pra sobreviver. Sair vivo daquilo foi um presente. Claro que não é muito legal ficar dependendo dos outros pra tudo, mas perder o movimento de todas as partes do meu corpo parecia ser a lição perfeita. Eu sempre tive medo de perder meu pai, mas graças a mim ele está no pior lugar da terra agora, pagando por meus erros. Eu sempre vou carregar a culpa.

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